sábado, 12 de janeiro de 2013

Relativismo Cultural

O relativismo cultural, como tem sido chamado, desafia a nossa crença habitual na objetividade e universalidade da verdade moral. Afirma, com efeito, que não existe verdade universal em ética; existem apenas os vários códigos morais e nada mais. Além disso, o nosso próprio código moral não tem um estatuto especial; é apenas um entre muitos. Como veremos, esta ideia de base é na realidade um conjunto de vários pensamentos diferentes. É importante separar os vários elementos da teoria porque, durante a análise, algumas partes revelam-se corretas enquanto outras parecem estar erradas. Para começar, podemos distinguir as seguintes afirmações, todas elas apresentadas por relativistas culturais:
1. Sociedades diferentes têm códigos morais diferentes; 2. O código moral de uma sociedade determina o que é correto no seio dessa sociedade, isto é, se o código moral de uma sociedade afirma que certa ação é correta, então essa ação é correta, pelo menos nessa sociedade; 3. Não há qualquer padrão objetivo que se possa usar para ajuizar um código social como melhor do que outro; 4. O código moral da nossa própria sociedade não tem estatuto especial, é apenas um entre muitos; 5. Não há uma «verdade universal» em ética, isto é, não há verdades morais aceites por todos os povos em todos os tempos; 6. É mera arrogância nossa tentar julgar a conduta de outros povos. Deveríamos adotar uma atitude de tolerância face às práticas de outras culturas.
Apesar de poder parecer que estas seis proposições fazem naturalmente parte de um todo, são independentes umas das outras, na medida em que algumas podem ser falsas ainda que outras sejam verdadeiras.
James Rachels, Elementos de Filosofia Moral, Tradução F.J. Azevedo Gonçalves, Gradiva, Lisboa, 2004, pp. 36-37

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