terça-feira, 22 de janeiro de 2013

O castigo como retribuição

Na sua forma mais simples, o retributivismo é a perspetiva segundo a qual aqueles que violam a lei merecem o seu castigo, independentemente de existirem ou não na sociedade quaisquer consequências benéficas para eles ou para a sociedade. Aqueles que violaram intencionalmente a lei merecem sofrer. Existem claramente muitas pessoas que não podem ser completamente responsáveis pela sua própria violação da lei, pelo que merecem um castigo mais moderado ou até, em casos extremos, tratamento, tal como acontece com os doentes mentais graves. Contudo, em geral, de acordo com uma teoria retributivista, o castigo justifica-se como uma resposta adequada à violação da lei. Além disso, a severidade do castigo deve refletir a severidade do crime. Na sua forma mais simples («olho por olho», por vezes conhecida como lex talionis) , o retributivismo exige uma resposta exatamente proporcional ao crime cometido. Em alguns crimes, como a chantagem, é difícil ver o que seria uma resposta adequada: não se pode esperar que o juiz condene o chantagista a seis meses de chantagem. Analogamente, é difícil de perceber como poderia punir-se de forma exatamente proporcional um pobre que tivesse roubado um relógio de ouro. Isto só constitui um problema para o princípio do olho por olho; com formas mais sofisticadas de retributivismo, o castigo não tem de espelhar o crime.
Nigel Warburton, Elementos Básicos de Filosofia, tradução Desidério Murcho, Gradiva, 1998, pp. 125-126

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