sábado, 2 de outubro de 2010
Questões Filosóficas
(...) Mas o que eu quero dizer é: como podem duas pessoas discutir e comparar uma experiência totalmente privada, como saborear uma batata frita? Se partirmos esta batata ao meio e cada um comer metade – deu-lhe a metade dele -, estaremos a comer a mesma batata e a partilhar essa experiência. Mas, o que sente a outra pessoa ao saborear a batata? Isso não podemos partilhar... é pessoal. Pode ser completamente diferente para toda a gente. Como posso eu saber como a batata lhe sabe a si? – enfiou mais um par delas na boca, presumivelmente para não se esquecer de como lhe sabiam a ela.
Ben nunca tivera uma conversa assim. Supôs que era aquilo a que se chamava uma questão filosófica. Todos os seus amigos estavam de acordo em que a filosofia era para totós. E talvez algumas raparigas, mas só as feias. A mulher não era verdadeiramente uma totó, apenas um pouco estranha. E era, tinha de admniti-lo, tudo meno feia.
Lucy Eyre, O Dia Em Que Sócrates Vestiu Jeans, Casa das Letras, 2007, p.39
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