«Como no seu tempo, Hume tem sido sempre classificado como empirista, cético secularista, mas é antes um naturalista: o seu objetivo filosófico primário é mostrar que somos parte da ordem natural. Dedica-se ao objetivo socrático clássico do autoconhecimento, mas pensa que este pode ser alcançado através de uma compreensão científica da natureza humana que espelhe a ciência física newtoniana. Tal compreensão, desenvolvida no Treatise, revela que somos fundamentalmente criaturas de instinto e hábito cujas vidas mentais são dominadas pela paixão e não pela razão, cujas crenças são formadas por mecanismos de associação e costume e não por reflexão a priori, e cujas vidas morais são o produto do sentimento, formado por convenção. Que somos assim é um facto que temos de aceitar, e não podemos mudar nem explicar. Os sistemas racionalistas representam muitíssimo incorretamente as nossas naturezas, e sugerem que a alma humana é alheia ao mundo em que se encontra; o mesmo ocorre na religião cristã, que gera objetivos éticos que negam a vida e que estorvam a socialização necessária ao desenvolvimento da virtude moral.»
Dicionário de filosofia, Direção de Thomas Mautner, Direção da Edição Portuguesa – Desidério Murcho, Tradução de Victor Guerreiro, Sérgio Miranda e Desidério Murcho, Edições 70, p. 377
Dicionário de filosofia, Direção de Thomas Mautner, Direção da Edição Portuguesa – Desidério Murcho, Tradução de Victor Guerreiro, Sérgio Miranda e Desidério Murcho, Edições 70, p. 377
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