segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

Do Infantilismo Político ao Suicídio da Democracia

Desconhece-se se uma relação de causa e efeito se processa quando se associa infantilismo político a suicídio da democracia, ou se será na morbodemocracia que se desencadeia o infantilismo, expresso nas perturbações linguísticas e comportamentais a que vamos assistindo no panorama político europeu e nacional, porque os sinais, se não são demasiadamente claros pelo seu descaramento, serão pelo menos assustadores, não só pela sua frequência, mas também porque parecem apostados em superarem-se uns aos outros, como que constituindo uma moda.

Do mundo suicidário do século XVIII de que nos fala John Adams, até ao século XXI, com José Saramago (DN, 25.03.2004) e Boaventura de Sousa Santos (CM, 23.01.2012) a debruçar-se sobre o mesmo tema, foi, sem dúvida, Claude Julien, em Le Suicide des Democraties (Grasset, 1972), quem ressuscitou o claro aviso de John Adams face à crise que a Europa e o mundo atravessava, uma crise que Leonel Franca antecipara em A Crise do Mundo Moderno (Pro Domo, 1945). O escritor José Saramago disse que “a democracia se suicida diariamente, perde espessura e se desgasta, diminuindo a sua densidade.” E o sociólogo Boaventura Sousa Santos opinou que o país vive "numa democracia de baixa intensidade", que "caminha para o suicídio", defendendo como solução uma aposta na participação dos cidadãos nas decisões que lhes dizem respeito.


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