«Portanto, Senhor, Tu que dás o entendimento da fé, concede-me que, quanto sabes ser-me conveniente, entenda que existes como acreditamos e que és o que acreditamos [seres]. E na verdade acreditamos que Tu és algo maior do que o qual nada pode ser pensado.
Acaso não existe uma tal natureza pois o insensato disse no seu coração: «não há Deus»? Mas com certeza esse mesmo insensato, quando ouvir isto mesmo que digo, algo maior do que o qual nada pode ser pensado, entende o que ouve e o que entende está no seu intelecto ainda que não entenda que isso exista. Com efeito, uma coisa é algo estar no intelecto, outra é entender que esse algo existe. Com efeito, quando o pintor concebe previamente o que vai fazer, tem isso mesmo no intelecto, mas ainda não entende que exista o que não fez. Mas quando já pintou, não só o tem no intelecto como entende que existe aquilo que já fez. E, de facto, aquilo maior do que o qual nada pode ser pensado não pode existir apenas no intelecto. Se está apenas no intelecto pode pensar-se que existe na realidade, o que é ser maior.
Se, portanto, aquilo maior do que o qual nada pode ser pensado está apenas no intelecto, aquilo mesmo maior do que o qual nada pode ser pensado é aquilo relativamente ao qual pode pensar-se algo maior. Existe, portanto, sem dúvida, algo maior do que o qual nada é possível pensar não apenas no intelecto mas também na realidade.»
Santo Anselmo, Proslogion
Acaso não existe uma tal natureza pois o insensato disse no seu coração: «não há Deus»? Mas com certeza esse mesmo insensato, quando ouvir isto mesmo que digo, algo maior do que o qual nada pode ser pensado, entende o que ouve e o que entende está no seu intelecto ainda que não entenda que isso exista. Com efeito, uma coisa é algo estar no intelecto, outra é entender que esse algo existe. Com efeito, quando o pintor concebe previamente o que vai fazer, tem isso mesmo no intelecto, mas ainda não entende que exista o que não fez. Mas quando já pintou, não só o tem no intelecto como entende que existe aquilo que já fez. E, de facto, aquilo maior do que o qual nada pode ser pensado não pode existir apenas no intelecto. Se está apenas no intelecto pode pensar-se que existe na realidade, o que é ser maior.
Se, portanto, aquilo maior do que o qual nada pode ser pensado está apenas no intelecto, aquilo mesmo maior do que o qual nada pode ser pensado é aquilo relativamente ao qual pode pensar-se algo maior. Existe, portanto, sem dúvida, algo maior do que o qual nada é possível pensar não apenas no intelecto mas também na realidade.»
Santo Anselmo, Proslogion
Imagem retirada daqui
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