terça-feira, 30 de abril de 2013
domingo, 28 de abril de 2013
sábado, 27 de abril de 2013
A maior felicidade do maior número
Bentham teve o cuidado
de sublinhar que prazer era a sensação
que podia ser causada não só pela comida, pela bebida e pelo sexo, mas também
por uma multiplicidade de outras coisas, tão variadas entre si como adquirir
riqueza, tratar os animais com brandura ou acreditar na benevolência de um Ser
Supremo. Assim, os críticos que consideraram o hedonismo de Bentham um apelo à
sensualidade estavam redondamente enganados. Todavia, enquanto para um pensador
como Aristóteles o prazer era identificado com a atividade usufruída, para
Bentham, a relação entre uma atividade e o prazer dela obtido era de causa e
efeito. Enquanto para Aristóteles o valor de um prazer era idêntico ao valor da
atividade usufruída, para Bentham todos os prazeres tinham o mesmo valor,
independentemente do que quer que causasse cada um deles. «Se a quantidade de
prazer for a mesma», escreveu, «o jogo dos alfinetes tem tanto valor como a
poesia.» e o que é dito do prazer vale igualmente para a dor; a medida do
desvalor da dor consiste na quantidade de dor, e não naquilo que a causa.
A quantificação de
prazer e de dor são, assim, da maior importância para o utilitarista: na
decisão por uma dada ação ou política, é necessário calcular a quantidade de
prazer e a quantidade de sofrimento que é plausível que dela se siga. Bentham estava
ciente de que estabelecer tais quantificações não era tarefa de somenos, pelo
que indicou alguns preceitos para a medição de prazeres e sofrimentos. O prazer
A vale mais do que o prazer B se A for intenso, ou duradouro, ou se for mais
certo que vá acontecer, ou mais imediato. No «cálculo da felicidade», estes
diferentes fatores têm de ser tidos em conta, e pesados uns em relação aos
outros.
Anthony Kenny, Nova História da Filosofia Ocidental, Volume
4, Filosofia no Mundo Moderno,
tradução de Cristina Carvalho, Gradiva, (2011), p. 242
sexta-feira, 26 de abril de 2013
De Tarde
Naquele «pic-nic» de burguesas,
Houve uma coisa simplesmente bela,
E que, sem ter história nem grandezas,
Em todo o caso dava uma aguarela.
Foi quando tu, descendo do burrico,
Foste colher, sem imposturas tolas,
A um granzoal azul de grão-de-bico
Um ramalhete rubro de papoulas.
Pouco depois, em cima duns penhascos,
Nós acampamos, inda o Sol se via;
E houve talhadas de melão, damascos,
E pão-de-ló molhado em malvasia
Mas, todo púrpuro a sair da renda
Dos teus dois seios como duas rolas,
Era o supremo encanto da merenda
O ramalhete rubro das papoulas!
Cesário Verde
Foto feita na Estrada de S. Domingos em 21-04-13
quarta-feira, 24 de abril de 2013
terça-feira, 23 de abril de 2013
quarta-feira, 17 de abril de 2013
sexta-feira, 12 de abril de 2013
quinta-feira, 11 de abril de 2013
A maior felicidade do maior número
A felicidade é, na maioria dos sistemas morais, um conceito de grande importância. Uma longa série de filósofos morais, que se consideravam herdeiros da tradição iniciada por Platão e Aristóteles, entendeu a felicidade como bem supremo, e alguns eticistas chegaram ao ponto de afirmar que os seres humanos procuram a felicidade em todas as suas escolhas. Ao desafiar o primado da felicidade, Kant teve uma posição incomum. Em Fundamentação da Metafísica dos Costumes, proclamou que o motivo ético supremo era o dever, não a felicidade. Assim, à primeira vista, quando Bentham declarou que toda a ação devia ser avaliada de acordo com a tendência que aparenta ter para aumentar ou diminuir a felicidade, tudo levaria a crer que estivesse apenas a reafirmar um consenso de longa data. Contudo, numa análise mais atenta, o princípio da maior felicidade de Bentham revela-se muito diferente do eudemonismo tradicional.
Em primeiro lugar, Bentham identifica a felicidade com o prazer: é o prazer que é o impulsionador supremo da ação. O famoso início de Uma Introdução aos Princípios da Moral e da Legislação diz:
A Natureza colocou o Homem sob a regência de dois amos soberanos, a dor e o prazer. É a eles, e somente a eles, que compete indicar o que devemos fazer, bem como determinar o que de facto faremos. O padrão do certo e do errado, de um lado, e a cadeia de causas e efeitos, do outro, estão presos ao trono deles. Estes amos regem-nos em tudo o que fazemos, tudo o que pensamos: qualquer esforço que façamos para nos vermos livres desta sujeição servirá apenas para a demonstrar e confirmar. (P.1.1)
Deste modo, maximizar a felicidade é, para Bentham, a mesma coisa que maximizar o prazer. Os utilitaristas poderiam citar Platão como seu percursor, uma vez que, no Protágoras, Platão põe a discussão a tese de que a virtude consiste na escolha correta de prazer e sofrimento. Aristóteles, por outro lado, distinguiu entre felicidade e prazer, recusando-se a identificar a felicidade com os prazeres sensitivos. Bentham, pelo contrário, não só tratou a felicidade como equivalente ao prazer, como encarou o próprio prazer como sendo simplesmente uma sensação. «Nesta matéria não há refinamento algum, metafísica alguma. Não é necessário consultar Platão ou Aristóteles. Dor e prazer são aquilo que toda a gente sente com tal.»
Anthony Kenny, Nova História da Filosofia Ocidental, Volume 4, Filosofia no Mundo Moderno, tradução de Cristina Carvalho, Gradiva, (2011)
terça-feira, 9 de abril de 2013
segunda-feira, 8 de abril de 2013
domingo, 7 de abril de 2013
quarta-feira, 3 de abril de 2013
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