Uma área em que Mill
foi particularmente radical na altura em que escreveu era o seu feminismo. Na
Inglaterra do século XIX, as mulheres casadas não tinham direito a deter
propriedade própria e gozavam de pouca proteção legal contra a violência e a
violação pelos maridos. Em A Sujeição das
Mulheres (1869), Mill afirma que os sexos devem ser tratados de forma igual
tanto pela lei como pela sociedade em geral. Algumas pessoas diziam que as
mulheres eram naturalmente inferiores aos homens. Mill perguntava como podiam
saber isso quando, na maioria dos casos, as mulheres eram impedidas de
realizarem todos os seus potenciais: eram mantidas afastadas do ensino superior
e de muitas profissões. Acima de tudo, Mill queria maior igualdade entre os
sexos. Afirmava que o casamento devia ser uma amizade entre iguais. O seu
próprio casamento com a viúva Harriet Taylor, que só se realizou muito tarde
nas suas vidas, era deste tipo e deu grande felicidade aos dois. Haviam sido
amigos íntimos (…) quando o primeiro marido de Harriet era vivo, mas Mill teve
de esperar até 1851 para se tornar o seu segundo marido. Harriet ajudou-o a
escrever Sobre a Liberdade e A Sujeição das Mulheres, apesar de,
infelizmente, ter morrido antes da publicação destas duas obras.
N. Warburton, Uma Pequena História da Filosofia,
Edições 70, 2012, pp. 149-150
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