quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Argumento Ontológico - Santo Anselmo

«Portanto, Senhor, Tu que dás o entendimento da fé, concede-me que, quanto sabes ser-me conveniente, entenda que existes como acreditamos e que és o que acreditamos [seres]. E na verdade acreditamos que Tu és algo maior do que o qual nada pode ser pensado.
Acaso não existe uma tal natureza pois o insensato disse no seu coração: «não há Deus»? Mas com certeza esse mesmo insensato, quando ouvir isto mesmo que digo, algo maior do que o qual nada pode ser pensado, entende o que ouve e o que entende está no seu intelecto ainda que não entenda que isso exista. Com efeito, uma coisa é algo estar no intelecto, outra é entender que esse algo existe. Com efeito, quando o pintor concebe previamente o que vai fazer, tem isso mesmo no intelecto, mas ainda não entende que exista o que não fez. Mas quando já pintou, não só o tem no intelecto como entende que existe aquilo que já fez. E, de facto, aquilo maior do que o qual nada pode ser pensado não pode existir apenas no intelecto. Se está apenas no intelecto pode pensar-se que existe na realidade, o que é ser maior.
Se, portanto, aquilo maior do que o qual nada pode ser pensado está apenas no intelecto, aquilo mesmo maior do que o qual nada pode ser pensado é aquilo relativamente ao qual pode pensar-se algo maior. Existe, portanto, sem dúvida, algo maior do que o qual nada é possível pensar não apenas no intelecto mas também na realidade.»

Santo Anselmo, Proslogion


Imagem retirada daqui

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

“Vermelho”





















A nova proposta da sala vermelha do Teatro Aberto em Lisboa parece simples à partida: apresentar um olhar sobre a biografia do pintor Mark Rothko, interpretado pelo actor António Fonseca, a partir de uma fase crucial da sua carreira. Mark Rothko (Markus Rothkowitz, de origem judaica) foi um dos mais importantes pintores do expressionismo abstracto. Numa peça baseada em factos reais, o espectador encontra-se no interior do estúdio de Rothko, pela altura da polémica pintura dos murais para o luxuoso restaurante nova-iorquino Four Seasons, a encomenda mais bem paga a um artista até então. Mas mais que a vida de um pintor, “Vermelho” cedo se revela um discurso geral sobre a arte e a vida, uma lição de cultura no seu estado mais nobre.


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Vermelho- Teatro Aberto

Do Infantilismo Político ao Suicídio da Democracia

Desconhece-se se uma relação de causa e efeito se processa quando se associa infantilismo político a suicídio da democracia, ou se será na morbodemocracia que se desencadeia o infantilismo, expresso nas perturbações linguísticas e comportamentais a que vamos assistindo no panorama político europeu e nacional, porque os sinais, se não são demasiadamente claros pelo seu descaramento, serão pelo menos assustadores, não só pela sua frequência, mas também porque parecem apostados em superarem-se uns aos outros, como que constituindo uma moda.

Do mundo suicidário do século XVIII de que nos fala John Adams, até ao século XXI, com José Saramago (DN, 25.03.2004) e Boaventura de Sousa Santos (CM, 23.01.2012) a debruçar-se sobre o mesmo tema, foi, sem dúvida, Claude Julien, em Le Suicide des Democraties (Grasset, 1972), quem ressuscitou o claro aviso de John Adams face à crise que a Europa e o mundo atravessava, uma crise que Leonel Franca antecipara em A Crise do Mundo Moderno (Pro Domo, 1945). O escritor José Saramago disse que “a democracia se suicida diariamente, perde espessura e se desgasta, diminuindo a sua densidade.” E o sociólogo Boaventura Sousa Santos opinou que o país vive "numa democracia de baixa intensidade", que "caminha para o suicídio", defendendo como solução uma aposta na participação dos cidadãos nas decisões que lhes dizem respeito.


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quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

2001 Odisseia no Espaço

Que semelhanças há entre a ficção científica e a acção científica? Muitas. Não esqueçamos que o físico inglês Sir Arthur Clarke, residente desde há muito no Sri Lanka, participou na construção do primeiro radar, integrado numa equipa da Royal Air Force, durante a Segunda Guerra Mundial. Na sua imensa produção bibliográfica equilibram-se as obras de ficção e as de ensaio. No filme “2001” uma nave com astronautas a bordo começa por se deslocar à Lua. A mesma viagem espacial não demorou praticamente nada depois da estreia do filme a acontecer na realidade. Os astronautas da“Apollo 8”, que foram os primeiros a efectuar uma viagem em órbita da Lua, em Dezembro de 1968, já tinham visto o filme quando partiram para o espaço. Disseram mais tarde que estiveram quase a anunciar para a Terra a descoberta de um monólito no solo lunar, numa brincadeira sugerida pelo filme... Em 1969, o norte-americano Neil Amstrong pisou o solo lunar sem ter encontrado nenhum monólito.

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In a Lonely Place

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Obrigada 11ºD


A ética da pirataria na Internet

No ano passado, disse a uma colega que incluiria a ética na Internet num curso que estava a leccionar. Ela sugeriu que lesse uma antologia publicada recentemente sobre ética na computação – e anexou o volume completo no e-mail. Deveria ter recusado ler um livro pirateado? Estaria eu a receber bens roubados, tal como os defensores de leis mais rigorosas contra a pirataria na Internet alegam?
Se roubar o livro de alguém, à maneira antiga, eu fico com livro e o verdadeiro proprietário deixa de o ter. Eu fico melhor, mas ele fica numa situação pior. Quando as pessoas utilizam livros pirateados, a editora e o autor ficam muitas vezes numa má situação – perdem receitas por não venderem o livro.

Mas, se a minha colega não me tivesse enviado o livro, eu requisitá-lo-ia na biblioteca da minha universidade. Poupei o tempo necessário para o fazer e parece que ninguém foi prejudicado. (Curiosamente, tendo em conta que o tema de conversa é o livro, este não se encontra à venda em formato digital.) Na verdade, outras pessoas também beneficiaram com a minha escolha: o livro permaneceu na prateleira da biblioteca, disponível para outros utilizadores.
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