quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Votar Pela Primeira Vez

(…) A experiência de votar pela primeira vez não fica muito atrás da de registar um nascimento, uma morte ou um casamento e é de longe mais profunda do que a maior parte dos outros deveres cívicos, é um rito de passagem que o lança de forma irrevogável nesse novo território da vida adulta. Apesar de beber, fazer sexo e conduzir (não de forma simultânea) serem todos capazes de nos conferir maturidade, não há nada verdadeiramente igual ao ato de votar para nos fazer sentir que o mundo exterior já nos leva a sério. A diferença entre esta atividade e as restantes é que essas são sobretudo hedonistas: em teoria podemos beber e fazer sexo de forma responsável, mas, na prática, tais atividades pertencem ao campo dos prazeres pessoais. Mais ainda, são subjetivas, enquanto o ato de votar nos transfere para o mundo objetivo, coloca-nos como parte do demos ou comunidade de cidadãos e lembra-nos, por isso, a responsabilidade que temos para com os outros.

Robert Rowland Smith, “Uma Viagem Com Platão”, lua de papel, 2011, Tradução de Francisco J. Azevedo Gonçalves, p. 102

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