Uma situação imaginária., frequentemente rebuscada, cujo fim é esclarecer uma questão particular.
Por exemplo, para dar relevo ao que valorizamos nas nossas vidas, o filósofo Robert Nozick concebeu a seguinte experiência mental. Imagine que é possível ligar-se a uma máquina de experiências, um tipo de máquina de realidade virtual que lhe dá a ilusão de viver efetivamente a sua vida, mas com o pormenor extra de que tudo o que faz ou lhe acontece é inevitavelmente aprazível. Seja o que for que lhe agrade na vida real pode ser simulado na sua forma mais aprazível na máquina de experiências. Uma vez ligado à máquina, acreditará que todos estes agradáveis acontecimentos ocorrem realmente. Ligar-se-ia de livre vontade a tal máquina para o resto da sua vida? Se, como na maioria dos casos, a sua resposta for «não», isto sugere que valoriza algumas coisas mais do que apenas experiências aprazíveis ilimitadas, embora possa não se ter apercebido disto até ter feito a experiência mental.
A experiência mental da máquina de experiências é obviamente rebuscada. É muito improvável que tal máquina venha a existir no decurso das nossas vidas. Contudo, isso não importa. O propósito da experiência é captar a nossa atitude fundamental para com o prazer e é eficaz em tornar claras as nossas intuições sobre o assunto. Consequentemente, rejeitá-la simplesmente por ser rebuscada é não compreender o seu propósito. A questão real não é a de saber se nos ligaríamos ou não de livre vontade a uma máquina das experiências, mas a de valorizarmos realmente o prazer acima de todas as outras coisas na vida ou não. A experiência mental dá-nos um modo de testar as nossas intuições nessa matéria.
Nigel Warburton, Pensar de A a Z, tradução de Vítor Guerreiro, Editorial Bizâncio, Lisboa, 2012, pp. 124-125
Fotografia: Robert Nozick
Por exemplo, para dar relevo ao que valorizamos nas nossas vidas, o filósofo Robert Nozick concebeu a seguinte experiência mental. Imagine que é possível ligar-se a uma máquina de experiências, um tipo de máquina de realidade virtual que lhe dá a ilusão de viver efetivamente a sua vida, mas com o pormenor extra de que tudo o que faz ou lhe acontece é inevitavelmente aprazível. Seja o que for que lhe agrade na vida real pode ser simulado na sua forma mais aprazível na máquina de experiências. Uma vez ligado à máquina, acreditará que todos estes agradáveis acontecimentos ocorrem realmente. Ligar-se-ia de livre vontade a tal máquina para o resto da sua vida? Se, como na maioria dos casos, a sua resposta for «não», isto sugere que valoriza algumas coisas mais do que apenas experiências aprazíveis ilimitadas, embora possa não se ter apercebido disto até ter feito a experiência mental.
A experiência mental da máquina de experiências é obviamente rebuscada. É muito improvável que tal máquina venha a existir no decurso das nossas vidas. Contudo, isso não importa. O propósito da experiência é captar a nossa atitude fundamental para com o prazer e é eficaz em tornar claras as nossas intuições sobre o assunto. Consequentemente, rejeitá-la simplesmente por ser rebuscada é não compreender o seu propósito. A questão real não é a de saber se nos ligaríamos ou não de livre vontade a uma máquina das experiências, mas a de valorizarmos realmente o prazer acima de todas as outras coisas na vida ou não. A experiência mental dá-nos um modo de testar as nossas intuições nessa matéria.
Nigel Warburton, Pensar de A a Z, tradução de Vítor Guerreiro, Editorial Bizâncio, Lisboa, 2012, pp. 124-125
Fotografia: Robert Nozick
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