Nunca como agora, tão numerosas e grandes incertezas minaram a vida dos portugueses. Não controlamos o presente e o futuro – o nosso e o dos nossos filhos, a quem não sabemos se poderemos assegurar mais tarde a educação, uma carreira, um emprego. A cada momento pode surgir na vida de cada um o imprevisto com o rosto do desastre. A incerteza que invadiu todos os aspetos da vida dos portugueses tem este caráter surdo, que se não anuncia mas que se sabe que pode acontecer, imprevisível mas sempre possível.
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NÂO SE DIZ porque somos vítimas inconscientes de um processo de desfasagem cada vez maior entre o espaço nacional de circulação da informação e a realidade a que esta reporta – europeia e mundial, com a progressiva e inexorável globalização da crise. O nosso espaço público de informação continua limitado por muros quase estanques, os media interessando-se sobretudo por essa zona mediana do que acontece no plano das instituições nacionais – não o articulando analiticamente com o que vai sucedendo no espaço público europeu e global; e deixando às redes sociais a zona, também pública mas subterrânea, do comentário e da participação de grandes massas de indivíduos.
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UM ESPAÇO PÙBLICO «nacional» é também o espaço de acolhimento do «fora» que vem dos espaços de informação estrangeiros. «Acolher» significa receber, integrar, participar, trocar. Enquanto não o fizermos continuaremos a viver na angústia das incertezas cegas de hoje, fruto da ignorância, da pequenez do território mental que nos impõem, dos espaços isolados em que definham as nossas forças.
José Gil in "Visão", Nº 985, 19 a 25 de janeiro de 2012
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NÂO SE DIZ porque somos vítimas inconscientes de um processo de desfasagem cada vez maior entre o espaço nacional de circulação da informação e a realidade a que esta reporta – europeia e mundial, com a progressiva e inexorável globalização da crise. O nosso espaço público de informação continua limitado por muros quase estanques, os media interessando-se sobretudo por essa zona mediana do que acontece no plano das instituições nacionais – não o articulando analiticamente com o que vai sucedendo no espaço público europeu e global; e deixando às redes sociais a zona, também pública mas subterrânea, do comentário e da participação de grandes massas de indivíduos.
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UM ESPAÇO PÙBLICO «nacional» é também o espaço de acolhimento do «fora» que vem dos espaços de informação estrangeiros. «Acolher» significa receber, integrar, participar, trocar. Enquanto não o fizermos continuaremos a viver na angústia das incertezas cegas de hoje, fruto da ignorância, da pequenez do território mental que nos impõem, dos espaços isolados em que definham as nossas forças.
José Gil in "Visão", Nº 985, 19 a 25 de janeiro de 2012
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