quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Argumentos dedutivos e argumentos indutivos

É comum falar em argumentos dedutivos, opondo-os aos indutivos. Este artigo procura mostrar que há um conjunto de aspectos subtis que devem ser tidos em linha de conta, caso contrário será tudo muito confuso.
Antes de mais: a expressão "argumento indutivo" ou "indução" dá origem a confusões porque se pode ter dois tipos muito diferentes de argumentos: as generalizações e as previsões. Uma generalização é um argumento como
Todos os corvos observados até hoje são pretos.
Logo, todos os corvos são pretos.
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Filosofia em pedacinhos - Então? É ciência ou não?

Morreu o pintor Júlio Resende


















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quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Livro do Desassossego

A arte é um esquivar-se a agir, ou a viver. A arte é a expressão intelectual da emoção, distinta da vida, que é a expressão volitiva da emoção. O que não temos, ou não ousamos, ou não conseguimos, podemos possuí-lo em sonho, e é com esse sonho que fazemos arte. Outras vezes a emoção é a tal ponto forte que, embora reduzida a acção, a acção, a que se reduziu, não a satisfaz; com a emoção que sobra, que ficou inexpressa na vida, se forma a obra de arte. Assim, há dois tipos de artista: o que exprime o que não tem e o que exprime o que sobrou do que teve.


s.d.
Livro do Desassossego. Vol.II. Fernando Pessoa. (Organização e fixação de inéditos de Teresa Sobral Cunha.) Lisboa: Presença, 1990. - 500.


Pintura de Emerenciano

terça-feira, 6 de setembro de 2011

Maria João Pires, Pierre Boulez, BPO - Mozart Concerto para Piano n º 20

O que é a Lógica?

A Lógica é uma das disciplinas intelectuais mais antigas e uma das mais modernas. O seu início remonta ao século IV a.C. (...). A Lógica sofreu uma revolução por volta do início do século XX, graças à aplicação das novas técnicas matemáticas, e na última metade do mesmo século encontrou aplicações radicalmente novas e importantes na computação e no processamento da informação. (...)
A maioria das pessoas gosta de pensar que é lógica. Dizer a alguém «Não estás a ser lógica» é normalmente uma forma de crítica. Ser ilógico é ser confuso, desordenado, irracional. Mas o que é a Lógica? (...)
Todos nós raciocinamos. Tentamos descobrir como as coisas são raciocinando com base naquilo que já sabemos. Tentamos persuadir os outros de que algo é de determinada maneira dando-lhes razões. A Lógica é o estudo do que conta como boa razão para o quê e o porquê. Temos, no entanto, de compreender esta afirmação de um certo modo. Aqui estão dois trechos de raciocínio – os lógicos chamam-lhe inferências:
1. Roma é a capital da Itália, e este avião aterra em Roma; Logo, este avião aterra em Itália.
2. Moscovo é a capital dos EUA; logo não podemos ir a Moscovo sem ir aos EUA.
Em ambos os casos, as afirmações antes do «logo» – os lógicos chamam-lhe premissas – são as razões dadas; as afirmações depois do «logo» – os lógicos chamam-lhe conclusões – são aquilo que as razões devem sustentar. O primeiro trecho de raciocínio está correcto, mas o segundo é completamente descabido e não iria persuadir ninguém com um conhecimento elementar de geografia: a premissa de que Moscovo é a capital dos EUA é, simplesmente falsa. Note-se que, contudo, se a premissa fosse verdadeira – por exemplo, se os EUA tivessem comprado a Rússia toda (e não apenas o Alasca) e tivessem mudado a Casa Branca para Moscovo para estarem perto dos centros de poder europeus –, a conclusão seria de facto verdadeira. A conclusão Ter-se-ia seguido das premissas; e essa é a preocupação da Lógica. A Lógica não se preocupa em saber se as premissas de uma inferência são verdadeiras ou falsas. Isso é o trabalho de outras pessoas (neste caso, do geógrafo). A Lógica está apenas preocupada em saber se a conclusão se segue das premissas. Os lógicos chamam válidas a todas as inferências em que, de facto, a conclusão se segue das premissas. Assim o objectivo principal da Lógica é compreender a validade.»

Graham Priest, Lógica para Começar,Temas e Debates, pp.11-15

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

"Yes I Know"

Comboio Nocturno Para Lisboa

Fenómeno editorial na Europa, Comboio Nocturno para Lisboa vendeu dois milhões e meio de exemplares desde que foi publicado em 2004 na Alemanha, onde ficou três anos na tabela dos livros mais vendidos. O sucesso transformou até o título do livro escrito por Pascal Mercier - pseudónimo literário do filósofo Peter Bieri -, numa expressão idiomática, usada para referir alguém que pretende mudar de vida. São, de resto, muitos os estrangeiros que, nos últimos anos, se deslocam até Lisboa em demanda de Amadeu do Prado.
Mas tudo começa numa manhã chuvosa. Uma mulher prepara-se para saltar de uma ponte de Berna. Raimund Gregorius, um banal professor de grego e latim de 57 anos, evita o acto desesperado e fica surpreendido com o som de uma palavra. Português, responde ela, ao ser questionada sobre a língua que fala.
Antes de desaparecer da história ainda tem tempo de escrever um número de telefone na testa deste míope professor que descobre, por acaso, um livro de um autor português, Amadeu Inácio de Almeida Prado, intitulado Um Ourives das Palavras. Sem conseguir explicar porquê, entra num comboio para Lisboa atrás deste médico que morreu 30 anos antes, em 1975, pouco depois da Revolução, numa descoberta do outro que acaba por ser uma descoberta de si próprio.
Amado pelos pobres que atendia de graça no seu consultório, Amadeu passa a ser rejeitado pelo povo no dia em que aceita tratar o "Carniceiro de Lisboa", assim conhecido por ser chefe da polícia política. Integrará posteriormente a resistência contra o regime de Salazar. Ler aqui

Comboio Nocturno Para Lisboa